No dia 11 de dezembro de 2008 foi preso Jairo Francisco Franco, sargento reformado da PM de São Paulo, suspeito de ser o serial killer que foi apelidado de “Maníaco do Arco-íris”.
Em cerca de um ano (de julho de 2007 a agosto de 2008), 13 homens, supostamente gays, foram assassinados em um parque, à noite. O Parque dos Paturis, local dos crimes, fica em Carapicuíba (na metrópole paulistana, próxima de Alphaville) e durante o dia, é um local familiar; à noite, é ponto de encontro de homossexuais.
Atualmente, Jairo trabalhava como segurança de um supermercado, na cidade de Osasco (também na Grande São Paulo). A Justiça já havia decretado sua prisão temporária (por 30 dias), com base no depoimento de uma testemunha que afirma ter visto Jairo atirar cerca de 12 vezes, em agosto deste ano, contra um dos gays mortos, que ainda não foi identificado.
Depõe contra o policial também o modus operandi do criminoso, já que 12 vítimas foram mortas a tiros (e uma a pauladas) e com muita perícia, já que não foram encontrados sinais de alvejamento em árvores, no chão etc.
Os tiros, quase sempre de calibre 38, eram dados geralmente na cabeça: rosto, testa, nuca… Algumas vítimas foram alvejadas no tórax. Nada foi roubado delas, aparentemente. Os mortos eram encontradas com as calças abaixadas, mas sem sinais de penetração. Não foram divulgadas fotos destas vítimas.
Foi o delegado Paulo Fernando Fortunato que, ao chegar em Carapicuíba, em agosto deste ano, percebeu a ligação entre os crimes, até então tratados como casos isolados.
No seu primeiro depoimento, Jairo negou participação nos crimes. Jairo também é suspeito da morte de outras três pessoas, em Osasco, e pelo menos uma delas, assassinada em um quarto de hotel, era homossexual.
*
Créditos: imagem do parque – Rede Globo.
*
Leia também:
* história de Francisco das Chagas Brito, serial killer brasileiro.
"Matar é como tomar sorvete: quando acaba o primeiro, dá vontade de tomar mais e a coisa não pára nunca" (Fortunato Botton Neto, conhecido como Maníaco do Trianon, que assassinou ao menos 10 gays na década de 80 em São Paulo)
Um suposto serial killer de homossexuais pode estar atuando no Parque dos Paturis, em Carapicuíba, na Grande São Paulo. A notícia foi divulgada nacionalmente na última semana. O suspeito já teria feito 13 vítimas atraídas por sexo rápido. O local é uma típica área de "pegação" gay.
Pegação é um termo associado à pratica sexual anônima e sem compromisso entre gays, geralmente em lugares públicos, como banheiros, parques e praias. No Brasil, lugares como o Parque do Ibirapuera, em São Paulo, e as Trilhas de Galheta, em Florianópolis, são referências internacionais.
Os crimes de Carapicuíba ocorreram entre julho de 2007 e agosto deste ano, praticamente um por mês, mas até agora não tinham despertado a desconfiança das autoridades policiais, mesmo com o fato de as vítimas todas serem homossexuais, terem sido encontradas no mesmo local, com as calças abaixadas e de bruços e terem sido mortas com tiros, com exceção de uma a pauladas.
A maioria das vítimas é de classe média e média baixa, sendo funcionários públicos, um detetive, um barman e um caminhoneiro.
O apelido de Maníaco do Arco-íris é uma referência à bandeira colorida dos gays e lésbicas. A dificuldade em elucidar o caso está no fato de a polícia contar com apenas uma testemunha para construir o retrato-falado e conseguir mais pistas sobre a identidade do homem.
Com o caso divulgado, espera-se que apareçam pessoas que tenham visto o maníaco ou que tenham sido abordadas por ele.
Mas é justamente o anonimato que impera nestes tais locais de pegação e que podem ser campo fértil para desajustados psiquicamente. Anonimato de quem não quer expor seus desejos. Que tem vergonha dele. É triste que nossa sociedade ainda viva esta situação.
Às escondidas, não há como pedir socorro. Muitos se sentem impedidos de ajudar nas investigações também para se esconder. Especialistas avaliam que o maníaco provavelmente é homossexual e que mata gays para tentar reprimir o seu impulso sexual.
Tudo isso expõe o fato de que indivíduos ainda não aceitam sua própria sexualidade.
Há quem defenda que se destinem espaços específicos para a "caçação" (o ato de fazer pegação), do verbo caçar. Outros criticam o uso de lugares públicos para esta finalidade. Faltam locais apropriados para a intimidade dos homossexuais? Não parece haver a discussão necessária para a destinação de espaços dignos. O que perdura é uma situação "uó" de tolerância enrustida, que reforça o estigma de que gay vive em locais sujos para saciar seu instinto desviante.
Nenhum comentário:
Postar um comentário