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domingo, 2 de dezembro de 2012

Documentário: Ciência Psicopata


O Que Nos Faz Bom Ou Mal ?
A rede britânica BBC é conhecida pelos seus programas de extrema qualidade. Seus documentários e séries são largamente exibidos em vários programas pelo mundo (que o diga o Fantástico). Da física quântica aos efeitos da poluição no planeta. Nada escapa ao excelente conteúdo da rede britânica.  É sem dúvida uma televisão totalmente diferente do que estamos acostumados aqui. Leia-se: Conteúdo de Qualidade. Isso talvez possa ser explicado pelo fato de que na Europa, assim como em vários outros países do mundo, as principais emissoras de TV são públicas e financiadas pelo povo. Quem financia a BBC é o cidadão inglês que paga uma taxa anual. Então por isso, o compromisso da BBC não é com o governo ou com um grande grupo industrial e sim com a socieade. No Brasil, você deve estar careca de saber que o compromisso da TV aberta não é com você e nem com a sociedade, e sim com os anunciantes.
Bom, hoje venho aqui para falar sobre um excelente documentário chamado “What makes us good or evil ?”
O programa transmitido em 07 de Setembro de 2011 no canal BBC Horizon tenta responder a uma inquietante pergunta: O que nos faz ser bom ou mal ? Buscando por respostas, o programa foi ouvir alguns dos maiores estudiosos do mundo em pessoas realmente más: Os cientistas que estudam as mentes de assassinos psicopatas.
O programa é interessantíssimo e mostra várias pesquisas científicas que vão desde o estudo do instinto moral em pessoas, passando por testes para saber se bebês já nascem ou não com disponibilidade para a maldade até as sofisticadas pesquisas genéticas que deram origem à descoberta do gene responsável pela maldade. O programa é interessante também ao abordar uma questão bastante discutida hoje que são os “psicopatas de sucesso” e a forma como eles irresponsavelmente dirigem grandes empresas.
Disponibilizo no fim do post o programa legendado, mas antes farei um review sobre o mesmo.

Podemos Nascer Maus ?

Uma pesquisa mostrada no programa tenta responder a uma inquietante questão: Bebês podem nascer maus ?
A pesquisa dos cientistas Karen Wynne e Paul Bloom, da Universidade de Yale nos Estados Unidos, teve como objetivo descobrir a origem da moralidade e a origem do bem e do mal. Seria possível alguém já nascer mau ou bom ? Um bebê já poderia nascer com um senso moral ? Com bons ou maus impulsos ? Se sim, como isso poderia se desenvolver no senso adulto de certo e errado ?
Para tentar desvendar essas complexas questões, os cientistas criaram uma peça sobre moralidade na qual bebês voluntários assistiriam. A peça consistia em 3 bonecos dispostos um ao lado do outro. O boneco do meio tinha uma bola na qual brincava. Em dado momento ele passa a bola para o boneco da esquerda, que brinca com a bola e devolve para o boneco do meio. Com a bola novamente em mãos, o boneco do meio brinca e passa a bola para o boneco da direita. O boneco da direita pega a bola e foge com ela. O que os cientistas queriam saber é qual boneco cada bebê escolheria, o da esquerda ? Ou o da direita ?
“Para um adulto que vê isso, a pessoa que devolve a bola é boa. A pessoa que foge com a bola é um chato. Para um adulto você apenas pergunta: Qual é o cara bom e quem é o cara mau ? Mas com um bebê você não pode fazer isso. O que você faz é deixar a criança escolher,” diz o pesquisador Paul Bloom.
A pesquisa mostrou que 70% dos bebês escolheram o boneco “bom”, e segundo os pesquisadores, isso é um indício de que esses bebês são atraídos pela bondade e que isso é um reflexo de um sentimento moral.
“Esses não são efeitos sutis, pelo contrário, os bebês analisam tais cenas de forma rica e poderosa e respondem de acordo,” diz Paul Bloom.
Mas enquanto aos 30% dos bebês que escolheram o boneco “mau” ? Seriam esses bebês, pessoas com uma pré-disposição para a maldade ?
“A explicação sexy é que esses bebês são psicopatas, bebês que vêem o mundo de forma diferente e que realmente preferem o cara mau. Acho que isso é uma possibilidade lógica. Mas acho que é mais provável que, em qualquer experiência que você faça, se você testar 100 bebês, 20 agirão de forma diferente não importa o que. Pode ser porque eles adormecem ou se distraem. É uma questão em aberto, se os bebês que escolhem o boneco mau são um tipo diferente de bebês, com um código moral diferente, ou se isso é apenas uma margem de erro que você obtêm em qualquer experimento,” diz Paul Bloom.
Para o cientista, suas pesquisas sugerem que nós, seres humanos, já nascemos com senso moral.

Psicopatas serial killers

O instinto natural do ser humano é não fazer o mal, como podemos explicar então aqueles que parecem ser desprovidos de bondade ? Que não pensam duas vezes em tirar uma vida ? Essas são algumas indagações do programa ao entrar no sombrio mundo dos psicopatas serial killers. Essa, talvez, seja a parte mais interessante do programa. Para tentar desvendar uma mente que tortura e mata sem nenhum pingo de remorso, o programa entrevistou grandes autoridades no assunto, uma delas é o psicólogo canadense Bob Hare. A história de Bob é, no mínimo curiosa. O recém-formado em psicologia não conseguia um emprego. Depois de tanto correr atrás, conseguiu um emprego de psicólogo em uma penitenciária canadense. Lá ele ficou cara a cara com os mais terríveis psicopatas que se possa imaginar. Virou um apaixonado nessas mentes e hoje é uma das maiores autoridades na área.
Bob começou a estudar a fundo essas pessoas e foi um dos primeiros a realizar experiências escaneando cérebros de psicopatas. Na época, o que ele descobriu, chocou a todos. Psicopatas eram desprovidos de emoção e não tinham empatia para com outras pessoas. A pesquisa de Bob Hare, publicada em meados dos anos 80, é até hoje fonte de pesquisa.
Talvez o ponto alto do programa seja a história do neurocientista californiano Jim Fallon e a forma como ele“caiu” no mundo dos psicopatas. Jim é um especialista em distúrbios clínicos padrões que passou a vida inteira pesquisando anomalias cerebrais em pessoas com esquizofrênia e depressão. Em um certo dia, alguns colegas o pediram para analisar scans cerebrais de algumas pessoas, mas não disseram quem eram aquelas pessoas ou se elas sofriam de algum distúrbio. Olhando os scans, Jim fallon notou algo que achou fascinante.
“Um certo grupo tinham sempre uma lesão no córtex orbital, acima dos olhos. Outra parte que parecia não funcionar bem era a parte frontal do lobo temporal que abriga a amígdala, o local onde nossas reações se tornam diferentes das dos animais. Achei extraordinário. Separei esses scans e disse para meus colegas: Esses são diferentes. E quando formos ver, aquele grupo de scans pertenciam a assassinos.”
Jim Fallon descobriu que tais lesões presentes nos cérebros de psicopatas assassinos eram cruciais para o controle dos impulsos e das emoções, o que acabou confirmando os estudos do psicólogo canadense Bob Hare publicado anos antes. E mais, tais lesões poderiam ser a resposta científica para entender poque psicopatas podem ser levados a comportamentos extremos.
“Para chegar ao ponto de ficar satisfeito ao alimentar a amígdala, alguns desses psicopatas fazem coisas extraordinárias. Um pode voar até Las Vegas e ficar bêbado, outro pode sair e ficar com várias prostitutas, cheirar cocaína ou, o mais extremo, matar e matar pessoas, repetidamente.” Diz Jim Fallon.
Mas essa descoberta de Jim Fallon fez surgir mais dúvidas do que respostas. Existiriam outros fatores, além dessas lesões cerebrais, que poderiam levar um psicopata a matar ? E mais, se o cérebro de um psicopata é diferente, o que originaria essas diferenças ? Seriam os genes ? Genes ligados à violência ?
A resposta veio em 1993 com a análise do DNA de uma linhagem de psicopatas assassinos. Era a descoberta do gene MAO-A, o gene “guerreiro.”
“Isso foi muito empolgante porque implicava fatores específicos que contribuem para a psicopatia. E também porque isso sugere que essa área de pesquisa poderia gerar frutos.” Diz Bob Hare.
A descoberta deixou os cientistas empolgados, tão empolgados que, em uma reunião de família, Jim Fallon comentou com os familiares sobre suas descobertas. Ao ouvir os comentários do filho sobre cérebros de psicopatas assassinos, sua mãe lhe disse algo que o deixaria intrigado.
“Você já ouviu falar de Lizzie Borden ?” Perguntou a mãe do cientista.
“Não!” Respondeu Jim.
“Ela é sua prima!” Disse a mãe do cientista.

Lizzie Andrew Borden
Lizzie Borden é a pivô de um dos mais famosos casos de assassinatos ocorridos nos Estados Unidos. Ela foi acusada de assassinar o pai e a madrasta em 1892 a golpes de machado. Lizzie Borden foi julgada e absolvida do duplo assassinato. O caso nunca foi solucionado e tornou-se um dos crimes mais misteriosos da história americana.
O neurocientista Jim Fallon não sabia mas ele era descendente direto de Lizzie Borden. Ao aprofundar mais no assunto com sua mãe, Jim Fallon descobriu que sua família era repleta de assassinos, ele descobriu 16 assassinos dos quais ele descendia direto, da família do seu pai. E foi ai que ele decidiu escanear o cérebro de toda sua família.

Na Foto: O neurocientista Jim Fallon (primeiro da direita para a esquerda) e sua família.
“Haviam muitas, muitas páginas e tudo parecia normal. Fantástico. E então eu fui para o último. Esse parecia muito anormal. Essa tomografia em particular não tinha atividade no córtex orbital nem no lobo temporal. Todo o sistema límbico não estava funcionando. Então eu disse: Meu Deus, esse é um desses assassinos. Tem o mesmo padrão que um assassino. Quando olhei para o código tive um choque: Era a minha tomografia!”

O neurocientista Jim Fallon, da Universidade da Califórnia, passou anos investigando o cérebro de psicopatas assassinos. Descobriu que eles têm inativa uma região ligada ao comportamento ético e à tomada de decisão. Viu também que possuem genes ligados à violência. Seria uma pesquisa comum, não tivesse Fallon decidido escanear o próprio cérebro – e ver nele o mesmo padrão de serial killers.
Essa descoberta de Jim Fallon foi muito importante no estudo de mentes psicopatas, pois abriu espaço para a descoberta do “terceiro ingrediente”. O ingrediente final que faria com que psicopatas se tornassem assassinos.
“Nos anos 90, passei a investigar cérebros de assassinos psicopatas. E vi que todos seguiam o mesmo padrão: um dano no córtex órbito-frontal, região cerebral bem acima dos olhos associada com tomada de decisão e conduta ética. 
Há uns 4 anos, soube de ao menos 16 assassinos na família do meu pai. Um homem foi enforcado em 1673 por matar a mãe, e uma mulher, acusada de matar o pai e a madrasta com um machado em 1892 (Lizzie Borden). Fiz então tomografias do meu cérebro e vi que quase não há atividade no meu córtex órbito-frontal. Na mesma época, fiz testes genéticos em minha família para saber o risco de cada um desenvolver Alzheimer. E descobri que também compartilho com psicopatas o gene guerreiro, que pode deixar o cérebro da pessoa insensível ao efeito calmante da serotonina.
Tenho 2 ingredientes comuns aos psicopatas. O dano no córtex órbito-frontal e o gene guerreiro. Mas não tenho o terceiro: Abuso severo na infância, que é o gatilho necessário para ligar o gene guerreiro. Minha infância foi muito benevolente e cercada de amor. Após dar à luz ao meu irmão mais velho, minha mãe teve 4 abortos naturais. Quando cheguei, me trataram como um garoto de ouro. Se tivesse sido tratado normalmente, talvez fosse hoje meio barra-pesada. E, se fosse abusado, creio que não teríamos esta conversa agora.”
Jim Fallon escapou por pouco, mas estamos carecas de saber que a grande maioria dos psicopatas não matam e nem são criminosos, ao contrário, são executivos, políticos, empresários bem sucedidos que manipulam os que estão em sua volta para se darem bem na vida.
“Alguns psiquiatras me chamam assim. Mas nunca pensei em mim dessa forma. Quando vi toda a análise de meu cérebro e meus genes, pedi a vários colegas que fossem francos comigo e com minha família sobre meu lado escuro. Não acho que sou psicopata. Não tenho um charme superficial. Sou honesto e realmente trato bem os demais, do mesmo jeito que trato minha família.” Diz Jim Fallon

Psicopatas de Terno

Os “psicopatas de terno” também são tema do documentário.
Segundo um estudo conduzido pelo psicólogo de Nova York Paul Babiak, 1 em cada 25 líderes de negócios no mundo pode ser um psicopata. Um número alto voce deve estar pensando, mas não é muito difícil de entender o porque de a maioria de nossos líderes serem psicopatas. Eles disfarçam, manipulam pessoas, e assim, conseguem altos cargos em empresas e governos.
Como visto acima, as pessoas podem nascer com pré-disposição genética para ser um psicopata. O que fará com que ele se torne um criminoso ou não é a sua infância. Uma infância feliz pode ser a resposta para os pequenos psicopatas que adentram ao mercado de trabalho.
“Psicopatas realmente não sao o tipo de pessoa que você pensa que são. Eu encontrei meu primeiro psicopata há pouco mais de 25 anos. E não foi alguém em uma prisão. Foi alguém que estava trabalhando em uma empresa onde eu prestava consultoria. A metade das pessoas achavam que ele era um líder maravilhoso. A outra metade achava que ele era o oposto. Pensavam que ele era a encarnação do mal. Fiquei intrigado e me lembro de ligar para Bob Hare. No final da conversa, nunca me esquecerei, ele disse: Sim, você achou um!” Diz no documentário o psicólogo Paul Babiak.
Paul Babiak diz que os “psicopatas de sucesso” tem uma tendência natural em serem charmosos e carismáticos. Segundo ele, você poderia estar vivendo com um, ou estar casado com um a 20 anos ou mais e mesmo assim não saber que ele é um psicopata.
Paul Babiak diz ainda que psicopatas são horríveis profissionais, mas compensam suas gestões desastrosas encobrindo suas fraquezas através dos seus charmes naturais. Isso torna quase que impossível distinguir um líder genuinamente talentoso de um psicopata.
“Quanto maior é a psicopatia, melhor eles são vistos. Mas se você olhar o seu desempenho profissional real, verá que é horrível. Você deve pensar em psicopatas como pessoas que tem à sua disposição um repertório muito grande de comportamentos. Assim eles podem usar a manipulação, o charme e a intimidação quando necessários. Eles podem dizer o que você está pensando, eles podem olhar para sua linguagem corporal, eles podem ouvir o que está dizendo, mas o que eles realmente não podem fazer é sentir o que você sente.”
O documentário termina com um inédito caso de um advogado norte-americano que, ao defender um psicopata assassino no tribunal, introduziu a teoria de interação gene-ambiente na audiência. Em outras palavras, o psicopata não poderia ser condenado a pena de morte pois, segundo o seu advogado, ele nasceu com o gene guerreiro. Como termina essa história ? Só vendo abaixo.
“Jeffrey Dahmer e Ted Bundy, dois infâmes serial killers. Quando você olha para as fotos vê pessoas normais. Pois esse era o ponto forte deles. Eles pareciam pessoas normais quando estavam no meio da sociedade”




sexta-feira, 30 de novembro de 2012

PSICÓTICO - Parte I




Como uma pessoa comum se transforma num psicopata?
(Pergunta o Repórter Arthur Vinícius)

O Médico psiquiatra Richardson Barros responde (quando não esquece):

 - Alguns têm uma infância muito infeliz. Elas sofrem algum tipo de trauma ou são tratadas friamente e tendem a ter instinto de autopreservação elevada assim como dificuldade de desenvolver empatia pelo próximo. 

MAS

 nem toda criança infeliz vira assassina. 

O processo para formar um psicopata começa quando o indivíduo cria uma série de saídas ou justificativa para os seus atos, gerando desculpas para comportamentos mais violentos. 

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Classificação de serial killers - conforme seus motivos


Os serial killers são divididos em quatro tipo:

Visionário: é um individuo completamente insano, psicótico. Ouve vozes dentro de sua cabeça e as obedece. Pode também sofrer de alucinações ou ter visões.

Missionário: socialmente não demonstra ser um psicótico, mas em seu interior tem a necessidade de "livrar" o mundo do que julga imoral ou indigno. Este assassino escolhe um certo tipo de grupo para matar, como prostitutas, homossexuais, mulheres ou crianças.

Emotivo: mata por pura diversão. Dos quatro tipos estabelecidos, é o que realmente tem prazer de matar e utiliza requintes sádicos e cruéis, obtendo prazer no próprio processo de planejamento do crime.

Sádico: é o assassino sexual. Mata por desejo. Seu prazer será diretamente proporcional ao sofrimento da vítima sob tortura. A ação de torturar, mutilar e matar lhe traz prazer sexual. Canibais e necrófilos fazem parte deste grupo.

Texto da Superinteressante sobre Psicopatas


COMPORTAMENTO

Sem pena nem perdão

Entre 1 e 3% das pessoas são incapazes de seguir voluntariamente regras sociais. E, com o raciocínio intacto, são capazes de maquinar quaisquer maldades para satisfazer seus desejos

por Maurício Horta
No primeiro contato ele é o espelho que completa as nossas fraquezas. Boas credenciais, símbolos de status, carisma, histórias fascinantes e talento para identificar e preencher nossas carências.


Ele conquista nossa confiança como amigo, parceiro sexual, colega de trabalho, médico, consultor financeiro. Até que caia sua máscara de normalidade e ele mostre que, ao contrário de sua encenação, não sente remorso nem vergonha ao agir de forma imoral. É indiferente ao bem-estar alheio e, sem freios morais, é capaz de pôr em prática qualquer plano para atingir seus desejos.



Segundo a Associação Americana de Psiquiatria (APA, da sigla em inglês), 3% dos homens e 1% das mulheres são incapazes de internalizar regras sociais. São portadores do que a bíblia dos psiquiatras - o Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais da APA - chama de transtorno da per­sonalidade antissocial (TPAS). Ou do que o psicólogo canadense Robert Hare, maior especialista do assunto, chama de psicopatia. 



Embora os dois conceitos sejam comumente usados como sinônimos, há uma diferença em seu diagnóstico. O TPAS é identificado a partir do comportamento antissocial; já a psicopatia e a sociopatia - que são termos equivalentes - dizem respeito tanto ao comportamento quanto a um conjunto de traços de personalidade (veja quadro à esquerda). Nesta revista, escolhemos usar o termo psicopatia, que, segundo Hare, é diagnosticado em menos pessoas - 1% da população.




CONTRATO ANTISSOCIAL



Por temerem os riscos de uma sociedade regida por desejos individuais conflitantes, pessoas normais aceitam abrir mão de certas vontades e seguem regras, sejam formalizadas em leis, sejam baseadas numa ideia religiosa ou filosófica de certo ou errado. É o tal do contrato social. Já emocionalmente elas seguem essas regras por se comoverem com os sentimentos, direitos e bem-estar dos que estão à sua volta. 



No processo de socialização, que acontece, por exemplo, por meio da família e da escola, é moldada a consciência - a voz interna que não as permite estuprar a primeira gostosona que encontrar num beco ermo nem assaltarem velhinhas na saída do INSS. 



É essa voz que falta ao psicopata. Não que ele não conheça as regras sociais. Só não está nem aí para elas. 



O psicopata também tem dificuldade em sentir emoções. Com isso, sua empatia - a capacidade de se colocar no lugar dos outros - é nula. Quando ele pensa, é só raciocínio, sempre a favor de si. Se quiser estuprar uma mulher, dirá para si mesmo: "Putz, ela pode engravidar e aí vai ser a maior dor de cabeça para mim". Em seguida, concluirá: "Melhor assistir ao Brasileirão". Já, se achar que a consequência vale o prazer, vai estuprá-la, sem remorso. 



Mas esse crápula não sabe o que significa compaixão? Claro que sim. Ele não é burro: aprende perfeitamente o significado literal das palavras. Só não consegue apreciar o conteúdo emotivo. Ao ouvir "compaixão", sente o mesmo que ao ouvir "caderno". Seu cérebro funciona diferente do das pes­soas normais (leia matéria da página 36). 



Sem emoções, também cresce sem sentir aflição ante a ameaça de castigo. Apenas pesa os prós e contras de ser pego. Assim ele foi quando criança (leia matéria da página 30), e assim ele provavelmente será até morrer.



MELHOR QUE SEXO



Se por um lado psicopatas não sentem emoções, por outro fogem da monotonia. Resultado: 50% usam drogas ilícitas e 70% são dependentes de álcool (21 vezes mais que a população em geral). Também buscam adrenalina em caças a mulheres, disputas de rachas, roletas-russas. Já uma minoria parte para mega-assaltos, estupros e homicídios em série - um poder destruidor que desafia a Justiça e o sistema carcerário (leia matérias das páginas 12 a 21).



Sejam predadores, sejam apenas parasitas, os psicopatas estão entre nós. E não é fácil reconhecê-los a tempo: "O leigo pode confundi-lo com uma pessoa sem nenhum transtorno psiquiátrico. Isso por motivos diversos: a ideia equivocada de que o transtorno deva sempre estar acompanhado de sintomas psicóticos, e o fato de ele ser um sujeito eloquente, sedutor, manipulador", diz o psiquiatra forense Elias Abdalla Filho, da Universidade de Brasília. "Por isso é tão comum vizinhos, ao tomarem conhecimento de crimes bárbaros praticados por psicopata, afirmarem que sempre pareceu uma pessoa normal."




Arrogante, mentiroso e irresistível 

A ESCALA DE ROBERT HARE

Psiquiatras dão de 0 a 2 a cada um dos 12 tópicos abaixo, a partir da avaliação clínica e do histórico pessoal do paciente. A soma dos pontos é comparada numa escala, que determina o grau de psicopatia.



1. BOA LÁBIA
O psicopata é bem articulado e ótimo marketeiro pessoal. Como um ator em cena, conquista a vítima bajulando e contando histórias mirabolantes de si. Com meia dúzia de palavras difíceis, se passa por sociólogo, médico, filósofo, escritor, artista ou advogado. 




2. EGO INFLADO
Ele se acha o cara mais importante do mundo. Seguro de si, cheio de opinião, dominador. Adora ter poder sobre as pessoas e acredita que nenhum palpite vale tanto quanto suas ideias. 




3. LOROTA DESENFREADA
Mente tanto que às vezes não se dá conta de que está mentindo. Tem até orgulho de sua capacidade de enganar. Para ele, o mundo é feito de caças e predadores, e não faria sentido não se aproveitar da boa-fé dos mais fracos.




4. SEDE POR ADRENALINA
Não tolera monotonia, e dificilmente fica encostado num trabalho repetitivo ou num casamento. Precisa viver no fio da navalha, quebrando regras. Alguns se aventuram em rachas, outros nas drogas, e uma minoria, no crime. 




5. REAÇÃO ESTOURADA
Reage desproporcionalmente a insulto, frustração e ameaça. Mas o estouro vai tão rápido quanto vem, e logo volta a agir como se nada tivesse acontecido - é tão sem emoções que nem sequer rancor ele consegue guardar. 




6. IMPULSIVIDADE
Embora racional, não perde tempo pesando prós e contras antes de agir. Se estiver com vontade de algo, vai lá e consegue tirando os obstáculos do caminho. Se passar a vontade, larga tudo. Seu plano é o dia de hoje. 




7. COMPORTAMENTO ANTISSOCIAL
Regras sociais não fazem sentido para quem é movido somente pelo prazer, indiferente ao próximo. Os que viram criminosos em geral não têm preferências: gostam de experimentar todo tipo de crime. 




8. FALTA DE CULPA
Por onde passa, deixa bolsos vazios e corações partidos. Mas por que se sentir mal se a dor é do outro, e não dele? Para o psicopata, a culpa é apenas um mecanismo para controlar as pessoas. 




9. SENTIMENTOS SUPERFICIAIS
Emoção só existe em palavras. Se namorar, será pelo tesão e pelo poder sobre o outro, não por amor. Se perder um amigo, não ficará triste, mas frustrado por ter uma fonte de favores a menos.




10. FALTA DE EMPATIA
Não consegue se colocar no lugar do próximo. Para o psicopata, pessoas não são mais que objetos para usar para seu próprio prazer. Não ama: se chegar a casar-se e ter filhos, vai ter a família como posse, não como entes queridos.




11. IRRESPONSABILIDADE
Compromisso não lhe diz nada - tende a ser mau funcionário, amante infiel e pai relapso. Porém, como a família e os amigos são fonte de status e bens materiais, para cada mancada já tem uma promessa pronta: "Eu mudei. Isso nunca mais vai acontecer de novo". 




12. MÁ CONDUTA NA INFÂNCIA
Seus problemas aparecem cedo. Já começa a roubar, usar drogas, matar aulas e ter experiências sexuais entre 10 e 12 anos. Para sua maldade, não poupa coleguinhas, irmãos nem animais.




Fonte Without Conscience, de Robert Hare, The Guilford Press, 1993; esta é a versão reduzida da Escala de Hare; o dianóstico somente pode ser feito por profissionais treinados.




As várias faces de um mesmo mal 

O psicólogo Theodore Millon, de Harvard, separa os psicopatas em diferentes categorias, de acordo com a influência de outros transtornos de personalidade. 




O invejoso
É uma variante do psicopata "puro". Sente que a vida deu aos outros o respeito, o dinheiro e a admiração que ele merecia - por isso adora puxar um tapete. Para se afirmar, ele se agarra a símbolos de status: carrões, mansões, joias, diplomas falsificados. 




O defensor da reputação
Tem traços de personalidade narcisista. É a versão psico do macho alfa. Ser durão e assertivo é seu meio de provar força e garantir reputação. Se sua boa fama for ameaçada, pode reagir ferozmente até seus rivais serem aniquilados. 




O aventureiro
Tem traços de personalidade histriônica (daqueles que fazem de tudo para conseguir atenção dos outros). Para ser admirado, faz coisas que deixariam qualquer um de pernas tremendo: brinca com a morte em rachas, arrisca fortunas em jogos e comete crimes espetaculares, em vez de se prender às responsabilidades e ao tédio do dia-a-dia.




O nômade
Tem traços de personalidade esquizoide. Em vez de buscar subverter normas sociais, ele busca simplesmente se livrar delas pulando de galho em galho, sem pertencer a lugar algum. Prostituição é um dos meios mais comuns de se manterem. Alguns podem tornar-se violentos quando bêbados ou sob o efeito de drogas.




O malévolo
Tem traços de personalidade paranoide. Rancoroso, brutal e vingativo. Acha que os outros vão sempre traí-lo ou puni-lo, e, para vingar-se, parte para a violência. Se os traços sádicos forem mais fortes, busca causar terror nos mais fracos para se divertir.




Especialista em psicopatas - Robert Hare e sua escala de psicopatia

Sem pena nem perdão

Entre 1 e 3% das pessoas são incapazes de seguir voluntariamente regras sociais. E, com o raciocínio intacto, são capazes de maquinar quaisquer maldades para satisfazer seus desejos






Robert Hare (psicólogo)

O mais famoso especialista em Psicopatas.
Publicou:
Psychology of Criminal Investigations International Handbook on Psychopathic Disorders and the Law Snakes in Suits
Traduzido para o português: Manual, Interview Guide, Percentile Tables

O que diz o Dr. Robert sobre os psicopatas:
"É enorme o sofrimento social, econômico e pessoal causado por algumas pessoas cujas atitudes e comportamento resultam menos das forças sociais do que de um senso inerente de autoridade e uma incapacidade para conexão emocional do que o resto da humanidade. Para estes indivíduos - os psicopatas - as regras sociais não são uma força limitante, e a idéia de um bem comum é meramente uma abstração confusa e inconveniente".
“Eles andam pela sociedade como predadores sociais, rachando famílias, se aproveitando de pessoas vulneráveis, deixando carteiras vazias por onde passam”.
“O psicopata é como o gato, que não pensa no que o rato sente – se o rato tem família, se vai sofrer. Ele só pensa em comida. Gatos e ratos nunca vão se entender. A vantagem do rato sobre as vítimas do psicopata é que ele sempre sabe quem é o gato”.
“Um psicopata ama alguém da mesma forma como eu, digamos, amo meu carro – e não da forma como eu amo minha mulher. Usa o termo amor, mas não o sente da maneira como nós entendemos. Em geral, é um sentimento de posse, de propriedade. Se você perguntar a um psicopata por que ele ama certa mulher, ele lhe dará respostas muito concretas, tais como “porque ela é bonita”, “porque o sexo é ótimo” ou “porque ela está sempre lá quando preciso”. As emoções estão para o psicopata assim como está o vermelho para o daltônico. Ele simplesmente não consegue vivenciá-las”.

A Escala de Robert Hare

Robert Hare, considerado o maior especialista em psicopatia no mundo elaborou uma escala que dão de 0 a 2 pontos em cada um dos tópicos. A escala é :

0 = Um santo
3 = População geral
13 = Média dos criminosos
18= Psicopata
24 = O demônio.

Os tópicos são:

1. Boa Lábia:
O psicopata é bem articulado e ótimo marketeiro pessoal. Como um bom ator em cena, conquista a vítima bajulando e contando histórias mirabolantes de si. Com meia dúzia de palavras difíceis, se passa por sociólogo, médico, filósofo, escritor, artista ou advogado.

2. Ego Inflado:
Ele se acha o cara mais importante do mundo. Seguro de si, cheio de opinião, dominador. Adora ter poder sobre as pessoas e acredita que nenhum palpite vale tanto quanto suas idéias.

3. Lorota desenfreada:
Mente tanto que às vezes não se dá conta de que está mentindo. Tem até orgulho de sua capacidade de enganar. Para ele o mundo é feito de caças e predadores, e não faria sentido não se aproveitar da boa-fé dos mais fracos.

4. Sede por Adrenalina:
Não tolera monotonia, e dificilmente fica encostado num trabalho repetitivo ou num casamento. Precisa viver no fio da navalha, quebrando regras. Alguns se aventuram em rachas, outros nas drogas, e uma minoria, no crime.

5. Reação Estourada:
Reage desproporcionalmente a insulto, frustração e ameaça. Mas o estouro vai tão rápido quanto vem, e logo volta a agir como se nada tivesse acontecido - é tão sem emoções que nem sequer rancor ele consegue guardar.

6. Impulsividade:
Embora racional, não perde tempo pesando prós e contras antes de agir. Se estiver com vontade de algo, vai lá e consegue tirando os obstáculos do caminho. Se passar a vontade, larga tudo. Seu plano é o dia de hoje.

7. Comportamento Anti-social (ou antissocial - segundo a nova regra, vocês escolhem):
Regras sociais não fazem sentido para quem é movido somente pelo próprio prazer, indiferente ao próximo. Os que viram criminosos em geral não têm preferências: gostam de experimentar todo tipo de crime.

8. Falta de Culpa:
Por onde passa, deixa bolsos vazios e corações partidos. Mas por que sentir mal se a dor é do outro e não dele? Para o psicopata, a culpa é apenas um mecanismo para controlar as pessoas.

 9. Sentimentos Superficiais:
Emoção só existe em palavras. Se namorar será pelo prazer e pelo poder sobre o outro, não por amor. Se perder um amigo, não ficará triste, mas frustrado por ter uma fonte de favores a menos.

10. Falta de Empatia:
Não consegue se colocar no lugar do outro. Para o psicopata as pessoas são apenas objetos para usar para o seu próprio prazer. Não ama: se chegar a casar-se e ter filhos, vai ter a família como posse, não como entes queridos.

11. Irresponsabilidade:
Compromisso não lhe diz nada - tende a ser um mau funcionário, amante infiel e pai relapso. Porém, como a família e amigos são uma fonte de status, para cada erro já tem um promessa pronta: "Eu mudei. Isso não vai acontecer de novo."

12. Má conduta na infância:
Seus problemas aparecem cedo. Já começa a roubar, usar drogas, matar aulas e ter experiências sexuais antes dos 12 anos. Seu sadismo não poupa nem mesmo coleguinhas, irmãos ou animais.

Fonte: Revista Superinteressante.
* Essa escala só terá eficácia se aplicada por profissionais.

Existe diferença entre Psicopata e Sociopata?


Psicopatia x Sociopatia

Existem infinitas dúvidas referente às diferenças entre o termo "psicopatia" e "sociopatia". O fato é que, atualmente, ambos termos se referem ao indivíduo com transtorno de personalidade antissocial. Para alguns especialistas, como Robert Hare, a diferença entre a psicopatia e a sociopatia consiste basicamente na origem do transtorno. Assim como sociólogos, especialistas de crimes e alguns psicólogos acreditam que o distúrbio, quando originado a partir do próprio meio social, é denominado como sociopatia. Por exemplo, aquele indivíduo que "aprendeu" a cometer atitudes antissociais no próprio meio em que vivia, tal como um ambiente com baixo nível socioeconômico e pais violentos. Já o psicopata consiste na combinação de fatores como biológicos, genéticos e socioambiental. Por exemplo, o indivíduo que aparentemente "nasce" psicopata, independente de ter vivido num ambiente com baixo nível socioeconômico.
Para outros especialistas, a psicopatia e a sociopatia são duas manifestações diferentes do transtorno de personalidade antissocial. Tais raciocínios acreditam que os psicopatas nascem com características básicas como impulsividade e ausência de medo, o que faz com que busquem condutas de riscos e perigo, terminando muitas vezes em atitudes antissociais, uma vez que são incapazes de se estabelecerem corretamente nas normas sociais. Já o sociopata, nesta visão, apresenta um temperamento um pouco mais "normal" que os psicopatas.
Em suma, referente ao termo, essas duas variantes da personalidade antissocial tem como causa uma interação variada entre fatores genéticos/biológicos e fatores ambientais, mas a psicopatia tende para fatores genéticos, enquanto que a sociopatia, para o lado socioambiental.