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segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Qual a diferença entre psicopata e sociopata?

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Nenhuma, pois os dois termos são sinônimos para um tipo específico de transtorno de personalidade. De acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID-10), o termo oficial para designar um psicopata ou sociopata é personalidade dissocial ou antissocial. "A psicopatia é um termo muito confuso historicamente, sendo que, hoje, se refere a apenas um dos oito transtornos de personalidade existentes", diz o psiquiatra forense Daniel Martins de Barros, do Hospital das Clínicas, em São Paulo. Ou seja, a associação que, em geral, fazemos do termo psicopata com um assassino frio, como um serial killer, não passa de mau uso do termo. Veja a seguir quais são os oito distúrbios de personalidade - como são chamados alguns dos tipos de distúrbio mental - que podem afligir alguém. >:/
  • Segundo os especialistas, até 3% da população mundial é composta de psicopatas, sendo que eles reincidem na criminalidade três vezes mais que bandidos comuns

PERSONALIDADES ATRAPALHADAS Conheça os oito transtornos de personalidade descritos pela medicina e personagens da ficção que sofreriam desses distúrbios
ANTISSOCIAL
Alguém com um personalidade do tipo dissocial ou antissocial - o famoso psicopata ou sociopata - tem tendência à agressividade e repúdio às normas sociais. Em geral, o cara não muda seu modo de agir facilmente, mesmo após ser punido. Além disso, não tolera frustração e costuma botar a culpa nos outros pelas coisas que faz
- Dexter, da série de TV americana de mesmo nome, é um policial justiceiro que, além de solucionar crimes pelas vias legais, ocupa o tempo livre matando criminosos que escaparam da lei
ANSIOSO
Imagine uma pessoa bem tensa e insegura, que parece estar sempre com medo de tudo. Essa é a personalidade do ansioso, pautada por um sentimento de apreensão, insegurança e inferioridade. A pessoa é supersensível a críticas e faz tudo para ser aceita. Tem dificuldade em se relacionar intimamente e evita atividades fora de sua rotina
- Scooby-Doo, o famoso cão dos desenhos, tem medo da própria sombra e não pode nem ouvir falar em fantasmas, tremendo só de pensar nas assombrações. Para piorar, ele ainda se acha um baita covardão
PARANOIDE
Sabe aquela pessoa que não suporta ser contrariada, não perdoa insultos, desconfia de tudo e tende a distorcer os fatos, interpretando as ações dos outros, mesmo que sejam boas ou inocentes, como hostis ou de desprezo? Esse é o típico paranoide. Em geral, também suspeita da fidelidade de seus companheiros. Mas não confunda com a paranoia, que é uma doença grave e não um tipo de distúrbio de personalidade
- Na obra Dom Casmurro, de Machado de Assis, Bentinho é casado com a doce Capitu, mas, após a morte do melhor amigo, se atormenta com a ideia de que havia sido chifrado pela esposa e o falecido
DEPENDENTE
O tipo dependente tende a deixar que outras pessoas tomem qualquer decisão por ele. O cara tem medo de ser abandonado e se vê como uma pessoa fraca e incompetente. Além disso, é submisso à vontade alheia e tem dificuldade em lidar com mudanças ou novos desafios
- No desenho animado Pinky e o Cérebro, Pinky é um ratinho infantil, que vive submisso a Cérebro, um ratocientista que bola planos mirabolantes para dominar o mundo
HISTRIÔNICO
Também chamado de histérico ou psicoinfantil, este tipo quer ser sempre o centro das atenções. Tende a ser extremamente dramático, exibicionista e exigente. Para piorar, é inconstante sentimentalmente, instável, manipulador, egoísta e bastante superficial
- A personagem central do filme E o Vento Levou, Scarlet O'hara - vivida pela atriz Vivien Leigh, em 1939 -, é egoísta, mimada, quer ser o centro das atenções, e faz de tudo para ter o que quer
ESQUIZOIDE
Alguém com esse transtorno costuma ficar mais afastado dos outros, tendo poucos contatos sociais ou afetivos. Ele prefere atividades solitárias e a introspecção. Mas, assim como no caso da paranoia e da personalidade paranoide, o tipo esquizoide não tem nada a ver com a esquizofrenia
Rancoroso e vivendo isolado, Gollum, de O Senhor dos Anéis, se encaixa direitinho no diagnóstico de esquizoide. Sua análise psiquiátrica chegou até a ser feita pela Real Universidade Médica de Londres
BORDERLINE
Agir de modo imprevisível, ter acessos de ira e ser incapaz de controlar o seu comportamento impulsivo são as características da galera com esse transtorno. O borderline também pode apresentar perturbações da autoimagem e tendência a adotar um comportamento autodestrutivo
- Heloísa, personagem da novela Mulheres Apaixonadas interpretada por Giulia Gam, tinha um ciúme doentio do marido, protagonizando várias cenas de descontrole explícito
OBSESSIVO-COMPULSIVO
Você provavelmente conhece um cara assim, que quer sempre tudo certinho, sendo perfeccionista ao extremo. Esse é o típico anancástico ou obsessivo-compulsivo. Em geral, é obstinado em fazer as coisas como acha que devem ser feitas, sem nenhuma flexibilidade. Essas características podem vir acompanhadas de impulsos repetitivos, mas não atinge a gravidade de um transtorno obsessivo-compulsivo (TOC)
- Vivido por Marco Nanini, Lineu, o paizão da série A Grande Família, é um fiscal sanitário politicamente correto, honesto e muito certinho. Gosta de tudo em seu devido lugar e ai de quem quebrar a rotina
PSICOPATÔMETROEspecialistas usam teste específico para identificar psicopatas
Você está desconfiado de que aquele colega de escola maldoso ou seu irmãozinho destruidor de brinquedos possa ser um psicopata? Pois existe um teste para descobrir isso: é a chamada Escala Hare PCL-R. Criada pelo psicólogo canadense Robert Hare, em 1991, trata-se de um checklist de 20 itens, que englobam as principais características de um psicopata, como tendência a mentir e falta de culpa ou remorso. A avaliação, que só pode ser feita por psicólogos ou psiquiatras, também considera o histórico familiar e pessoal. De acordo com os especialistas, o teste é uma grande arma contra a criminalidade, pois pode revelar, por exemplo, se um bandido tende a continuar praticando crimes ou se foi só um vacilo isolado.
CONSULTORIA DANIEL MARTINS DE BARROS, PSIQUIATRA FORENSE DO INSTITUTO DE PSIQUIATRIA DO HOSPITAL DAS CLÍNICAS, EM SÃO PAULO; HILDA CLOTILDE PENTEADO MORANA, PSIQUIATRA FORENSE E FUNDADORA DO AMBULATÓRIO DE TRANSTORNO DA PERSONALIDADE DO INSTITUTO DE PSIQUIATRIA DO HOSPITAL DAS CLÍNICAS, EM SÃO PAULO; MIRIANE TOLEDO, PSICÓLOGA E PSICANALISTA

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Leonardo Pareja, O Psicopata Superstar



Leonardo Pareja
Leonardo Pareja, já ouviram falar nesse nome ? Pra quem tem mais de 30 anos o nome ainda é um refresco na memória. Se você tem menos, provavelmente nunca ouviu falar dele. Leonardo Pareja, porém, é talvez o mais notório criminoso brasileiro dos últimos 20 anos. Marcola, Fernandinho Beira Mar, Nem da Rocinha, Maníaco do Parque foram outros notórios criminosos brasileiros das últimas 2 décadas. Em comparação com esses bandidos, Leonardo Pareja é um pé-de-chinelo, um assaltante e ladrão de carros que não usava de violência para com suas vítimas. Mas por outro lado, sua inteligência e sua capacidade de usar a mídia para tornar-se um “astro” do crime o colocam definitivamente um patamar acima dos demais.
Esqueçam a figura do bandido que cospe fogo pela boca, que fala um português todo errado e é mais feio que um macaco espancado. Leonardo Pareja era galã, estudou inglês, espanhol, piano e programação de computadores. Teve uma vida de classe média alta, mas jogou tudo para o alto para entrar no mundo que o excitava, o mundo do crime. Com um discurso coerente, gostava de manipular as pessoas ao seu redor com seus jogos mentais. Pareja era um psicopata inteligentíssimo, narcisista, vaidoso, articulado e extremamente carismático. Não é à toa que conseguiu admiração de presidiários a cidadãos comuns, de Juízes a desembargadores de Justiça.
Gostava de sentir a adrenalina correndo pelas veias, o perigo o excitava. Em um dos seus inúmeros assaltos, as moradoras de uma casa entraram em pânico, e o que ele fez ? Pegou um violão, sentou em uma cadeira e começou a tocar e a cantar pra elas, enquanto que do lado de fora da casa seu comparsa trocava tiros com a polícia.
“Minha overdose é a música, é a adrenalina que uma guitarra, uma bateria … a fibra que uma guitarra faz. Aquilo transforma a adrenalina dentro do meu cérebro em minha droga. Se eu tivesse que assaltar um banco, eu acho que teria que entrar com um walkman tocando Guns N Roses e eu não estava nem ai, esperava a Rotam chegar pra trocar tiros com eles escutando Guns N Roses. Metia bala neles e deixava um buquê de rosas.”
Em setembro de 1995 ficou conhecido no Brasil inteiro ao, após um assalto, manter como refém a sobrinha do todo poderoso Antônio Carlos Magalhães, governador da Bahia. Ele escapou e começou a zombar da polícia e das autoridades dando entrevistas para rádios e dizendo em qual cidade iria atacar.
Em abril de 1996 liderou uma fuga cinematográfica do maior presídio do Estado de Goiás, o Cepaigo. O diretor do presídio, na época, o Coronel Nicola Limongi (apelidado de Nazista por Pareja), foi acusado pelos presos de maus tratos e torturas. Um Juiz do estado começou a investigar as denúncias e começou uma queda de braço entre o diretor do presídio e o Juiz.
Em 26 de abril de 1996, o Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, o desembargador Homero Sabino, decidiu ir por conta própria ao presídio analisar a situação dos presos. Irritado com a visita do desembargador, Nicola Limongi arregimentou uma turma de amigos dentre eles, o Secretário de Segurança Pública do Estado de Goiás, coronéis de polícia, juízes, promotores e políticos em uma tentativa de intervir na visita.
O palco estava montado. Mais de 1 dezena de autoridades estavam no presídio discutindo a gestão feita por Nicola Limongi quando uma turma de presos decidiu começar a rebelião. Imaginem, o diretor do presídio, promotores de justiça, juízes, delegados, coronéis, um desembargador do estado, o secretário de segurança pública, todos nas mãos de bandidos e assassinos sanguinários. A rebelião parou o Brasil.
Os presos porém estavam dispersos, não tinham uma liderança e não sabiam ao certo o que fazer. E foi ai que eles lembraram de alguém que poderia ajudá-los, um preso que estava numa espécie de solitária, Leonardo Pareja. O showman entrava em ação e logo assumiu todo o controle da rebelião mesmo sem ter tido nenhum pingo de culpa no motim. Na verdade ele só queria ver o circo pegar fogo, uma espécie de Coringa da vida real. E em um dos primeiros problemas surgidos durante a rebelião, ele pôde colocar à prova todo o seu poder de manipulação.
Todos os presos queriam estraçalhar o diretor “Nazista” do presídio, um deles chegou a dizer que cravaria 100 facas no seu peito. Ele estava prestes a ser massacrado quando Pareja disse que não, a vida o diretor era importante. Na verdade a vida do diretor pouco importava para Pareja, aquela era uma oportunidade única para o psicopata narcisista colocar à prova o seu poder de persuasão e liderança. Era mais um teste real para ele. Enquanto todos os presos queriam truçidar e esquartejar o diretor da cadeia, Pareja foi na direção contrária e salvou a vida do diretor persuadindo todos os bandidos. 
Em meio ao caos da rebelião, uma cena ecoou pelo mundo. Pareja e um outro preso escalam a caixa d’água do Presídio. Pareja sobe na frente com uma bandeira do Brasil e o outro preso sobe atrás com um violão. Ao chegarem no alto da caixa d’água Leonardo Pareja hasteia a Bandeira do Brasil e começa a tocar o violão cantando a música “Vida de Gado” de Zé Ramalho.
Em meio ao caos de um dos maiores motins de presos em Penitenciárias da história brasileira, Leonardo Pareja sobe na caixa d’água do presídio e canta a música “Vida de Gado” de Zé Ramalho
Um feito para poucos, Leonardo Pareja foi capa da Revista Veja em abril de 1996. Num dos títulos da reportagem está a frase: “Leonardo Pareja ressurge numa rebelião em Goiás e humilha a polícia e o governo”
A rebelião terminou com a a espetacular fuga de vários presos em carros cedidos pelas autoridades goianas durante as negociações. Pareja dirigia um desses carros, junto com outro preso, o desembargador Homero Sabino e seu filho de 23 anos. E o que Pareja fez ? Como se nada tivesse acontecido, começou a andar tranquilamente pelas ruas de Goiânia, passeando. Parou em um dos barzinhos mais agitados da cidade, comprou cerveja e refrigerantes. Foi reconhecido pelos frequentadores do bar e fez a alegria de todos ao pagar uma rodada de cerveja para todo mundo.
“Eu sou um herói dos presos, gente que foi humilhada e maltratada pela polícia. Não me considero um Robin Hood, mas confesso que me identifico com ele.”
Sua vida foi curta, mas digna de entrar para a história. Em 1996, Régis Faria, filho do ator global Reginaldo Faria e irmão do também global, Marcelo Faria, dirigiu um arrepiante e excelente documentário chamado “Vida Bandida”. O documentário sobre a vida de Pareja foi lançado em 1998 e transmitido pelo Canal Brasil. É definitivamente um dos melhores produtos documentais veiculados pela televisão brasileira. O documentário mostra diversas entrevistas com Leonardo Pareja, além de imagens de arquivo dos seus assaltos e da cinematográfica fuga do presídio em Goiás. O documentário acerta também em ser imparcial, colocando entrevistas de Leonardo e de autoridades da época, autoridades as quais o bandido acusava de assassinatos e corrupção.
Algumas de suas frases tornaram-se antológicas:
“Eu tenho uma maneira de provocar adrenalina diferente. Desafiando o perigo, a morte. Desafiando as autoridades, desafiando uma troca de tiros. Não penso duas vezes em peitar uma barreira da polícia, porque ali sim está a adrenalina que eu preciso.”
“Eu não existiria se não fosse o perigo. O perigo é o que me faz viver.”
“Foi nesse sequestro (sobrinha do Antonio Carlos Magalhães) que começei a dar entrevistas. A opinião pública diz que foi uma inversão de valores, mas não, eu estava colocando os valores nos seus devidos lugares.”
“A imprensa foi moldando ao seu critério e eu fui moldando ao meu critério, e assim surgiu Leonardo Pareja.”
“A polícia usa demais os punhos para trabalhar, ao invés dos neurônios.”
“A Polícia Militar é mais organizada. Você mata um aparece 10, mata 10 aparece 100. Na Polícia Civil voce mata 1 e o resto sai correndo.”
“Abdul Sebba, nome de árabe, aqueles torturadores, carrasco mesmo. Abdul Sebba é um deputado federal, um delegado, é um dos maiores matadores do estado de Goiás. E o Hitler Mussolini, olha só nome do cara, é o que abafa todo tipo de escândalo da Polícia Civil. Essas pessoas encobrem assaltos, policiais corruptos, assassinos”, sobre Abdul Sebba, ex-Deputado Federal de Goiás e Hitler Mussolini, ex-Diretor Geral da Polícia Civil do estado de Goiás.
“Eu chamo ele de Nazista! As vezes eu fico imaginando ele numa cena de filme pornográfico, sendo aquele que está levando”, sobre o Coronel Nicola Limongi, ex-Diretor do Cepaigo (maior Presídio de Goiás)
“Todos os reféns também tinham uma certa afinidade, era como a Síndrome de Estocolmo, eles começaram a se adaptar com os próprios aglutinados.” Sobre a rebelião no Cepaigo.
“Bobo é o homem que confia no homem.”
Leonardo Pareja é um psicopata clássico, seu objetivo de vida era sempre estar acima de todos, inclusive da própria morte. Como ele próprio diz, desafiou a morte várias vezes, o único problema, porém, é que a morte só precisa de uma chance para vencer. Ele foi recapturado logo depois de fugir do Cepaigo e contra a vontade dos seus advogados decidiu voltar a cumprir pena lá por um simples motivo: Metade da cadeia queria matá-lo. Uma vez mais ele queria desafiar a morte e sentir a emoção, a adrenalina de estar no fio da navalha. Seu novo desafio de vida era mostrar para todos que apesar de estar marcado para morrer, ele era bom o suficiente para continuar vivo lá dentro, protegido por presos que ele manipulou durante anos. Mas como eu disse, a morte só precisa de 1 chance!
O excelente documentário “Vida Bandia” está disponível no youtube no link abaixo. Disponibilizo (também) abaixo a primeira parte do documentário.
Leonardo Pareja, o Psicopata Superstar, o mais notório criminoso brasileiro dos últimos 20 anos. Para muitos um herói, para outros, um bandido mimado. Assista e tire suas conclusões.

domingo, 2 de dezembro de 2012

Documentário: Ciência Psicopata


O Que Nos Faz Bom Ou Mal ?
A rede britânica BBC é conhecida pelos seus programas de extrema qualidade. Seus documentários e séries são largamente exibidos em vários programas pelo mundo (que o diga o Fantástico). Da física quântica aos efeitos da poluição no planeta. Nada escapa ao excelente conteúdo da rede britânica.  É sem dúvida uma televisão totalmente diferente do que estamos acostumados aqui. Leia-se: Conteúdo de Qualidade. Isso talvez possa ser explicado pelo fato de que na Europa, assim como em vários outros países do mundo, as principais emissoras de TV são públicas e financiadas pelo povo. Quem financia a BBC é o cidadão inglês que paga uma taxa anual. Então por isso, o compromisso da BBC não é com o governo ou com um grande grupo industrial e sim com a socieade. No Brasil, você deve estar careca de saber que o compromisso da TV aberta não é com você e nem com a sociedade, e sim com os anunciantes.
Bom, hoje venho aqui para falar sobre um excelente documentário chamado “What makes us good or evil ?”
O programa transmitido em 07 de Setembro de 2011 no canal BBC Horizon tenta responder a uma inquietante pergunta: O que nos faz ser bom ou mal ? Buscando por respostas, o programa foi ouvir alguns dos maiores estudiosos do mundo em pessoas realmente más: Os cientistas que estudam as mentes de assassinos psicopatas.
O programa é interessantíssimo e mostra várias pesquisas científicas que vão desde o estudo do instinto moral em pessoas, passando por testes para saber se bebês já nascem ou não com disponibilidade para a maldade até as sofisticadas pesquisas genéticas que deram origem à descoberta do gene responsável pela maldade. O programa é interessante também ao abordar uma questão bastante discutida hoje que são os “psicopatas de sucesso” e a forma como eles irresponsavelmente dirigem grandes empresas.
Disponibilizo no fim do post o programa legendado, mas antes farei um review sobre o mesmo.

Podemos Nascer Maus ?

Uma pesquisa mostrada no programa tenta responder a uma inquietante questão: Bebês podem nascer maus ?
A pesquisa dos cientistas Karen Wynne e Paul Bloom, da Universidade de Yale nos Estados Unidos, teve como objetivo descobrir a origem da moralidade e a origem do bem e do mal. Seria possível alguém já nascer mau ou bom ? Um bebê já poderia nascer com um senso moral ? Com bons ou maus impulsos ? Se sim, como isso poderia se desenvolver no senso adulto de certo e errado ?
Para tentar desvendar essas complexas questões, os cientistas criaram uma peça sobre moralidade na qual bebês voluntários assistiriam. A peça consistia em 3 bonecos dispostos um ao lado do outro. O boneco do meio tinha uma bola na qual brincava. Em dado momento ele passa a bola para o boneco da esquerda, que brinca com a bola e devolve para o boneco do meio. Com a bola novamente em mãos, o boneco do meio brinca e passa a bola para o boneco da direita. O boneco da direita pega a bola e foge com ela. O que os cientistas queriam saber é qual boneco cada bebê escolheria, o da esquerda ? Ou o da direita ?
“Para um adulto que vê isso, a pessoa que devolve a bola é boa. A pessoa que foge com a bola é um chato. Para um adulto você apenas pergunta: Qual é o cara bom e quem é o cara mau ? Mas com um bebê você não pode fazer isso. O que você faz é deixar a criança escolher,” diz o pesquisador Paul Bloom.
A pesquisa mostrou que 70% dos bebês escolheram o boneco “bom”, e segundo os pesquisadores, isso é um indício de que esses bebês são atraídos pela bondade e que isso é um reflexo de um sentimento moral.
“Esses não são efeitos sutis, pelo contrário, os bebês analisam tais cenas de forma rica e poderosa e respondem de acordo,” diz Paul Bloom.
Mas enquanto aos 30% dos bebês que escolheram o boneco “mau” ? Seriam esses bebês, pessoas com uma pré-disposição para a maldade ?
“A explicação sexy é que esses bebês são psicopatas, bebês que vêem o mundo de forma diferente e que realmente preferem o cara mau. Acho que isso é uma possibilidade lógica. Mas acho que é mais provável que, em qualquer experiência que você faça, se você testar 100 bebês, 20 agirão de forma diferente não importa o que. Pode ser porque eles adormecem ou se distraem. É uma questão em aberto, se os bebês que escolhem o boneco mau são um tipo diferente de bebês, com um código moral diferente, ou se isso é apenas uma margem de erro que você obtêm em qualquer experimento,” diz Paul Bloom.
Para o cientista, suas pesquisas sugerem que nós, seres humanos, já nascemos com senso moral.

Psicopatas serial killers

O instinto natural do ser humano é não fazer o mal, como podemos explicar então aqueles que parecem ser desprovidos de bondade ? Que não pensam duas vezes em tirar uma vida ? Essas são algumas indagações do programa ao entrar no sombrio mundo dos psicopatas serial killers. Essa, talvez, seja a parte mais interessante do programa. Para tentar desvendar uma mente que tortura e mata sem nenhum pingo de remorso, o programa entrevistou grandes autoridades no assunto, uma delas é o psicólogo canadense Bob Hare. A história de Bob é, no mínimo curiosa. O recém-formado em psicologia não conseguia um emprego. Depois de tanto correr atrás, conseguiu um emprego de psicólogo em uma penitenciária canadense. Lá ele ficou cara a cara com os mais terríveis psicopatas que se possa imaginar. Virou um apaixonado nessas mentes e hoje é uma das maiores autoridades na área.
Bob começou a estudar a fundo essas pessoas e foi um dos primeiros a realizar experiências escaneando cérebros de psicopatas. Na época, o que ele descobriu, chocou a todos. Psicopatas eram desprovidos de emoção e não tinham empatia para com outras pessoas. A pesquisa de Bob Hare, publicada em meados dos anos 80, é até hoje fonte de pesquisa.
Talvez o ponto alto do programa seja a história do neurocientista californiano Jim Fallon e a forma como ele“caiu” no mundo dos psicopatas. Jim é um especialista em distúrbios clínicos padrões que passou a vida inteira pesquisando anomalias cerebrais em pessoas com esquizofrênia e depressão. Em um certo dia, alguns colegas o pediram para analisar scans cerebrais de algumas pessoas, mas não disseram quem eram aquelas pessoas ou se elas sofriam de algum distúrbio. Olhando os scans, Jim fallon notou algo que achou fascinante.
“Um certo grupo tinham sempre uma lesão no córtex orbital, acima dos olhos. Outra parte que parecia não funcionar bem era a parte frontal do lobo temporal que abriga a amígdala, o local onde nossas reações se tornam diferentes das dos animais. Achei extraordinário. Separei esses scans e disse para meus colegas: Esses são diferentes. E quando formos ver, aquele grupo de scans pertenciam a assassinos.”
Jim Fallon descobriu que tais lesões presentes nos cérebros de psicopatas assassinos eram cruciais para o controle dos impulsos e das emoções, o que acabou confirmando os estudos do psicólogo canadense Bob Hare publicado anos antes. E mais, tais lesões poderiam ser a resposta científica para entender poque psicopatas podem ser levados a comportamentos extremos.
“Para chegar ao ponto de ficar satisfeito ao alimentar a amígdala, alguns desses psicopatas fazem coisas extraordinárias. Um pode voar até Las Vegas e ficar bêbado, outro pode sair e ficar com várias prostitutas, cheirar cocaína ou, o mais extremo, matar e matar pessoas, repetidamente.” Diz Jim Fallon.
Mas essa descoberta de Jim Fallon fez surgir mais dúvidas do que respostas. Existiriam outros fatores, além dessas lesões cerebrais, que poderiam levar um psicopata a matar ? E mais, se o cérebro de um psicopata é diferente, o que originaria essas diferenças ? Seriam os genes ? Genes ligados à violência ?
A resposta veio em 1993 com a análise do DNA de uma linhagem de psicopatas assassinos. Era a descoberta do gene MAO-A, o gene “guerreiro.”
“Isso foi muito empolgante porque implicava fatores específicos que contribuem para a psicopatia. E também porque isso sugere que essa área de pesquisa poderia gerar frutos.” Diz Bob Hare.
A descoberta deixou os cientistas empolgados, tão empolgados que, em uma reunião de família, Jim Fallon comentou com os familiares sobre suas descobertas. Ao ouvir os comentários do filho sobre cérebros de psicopatas assassinos, sua mãe lhe disse algo que o deixaria intrigado.
“Você já ouviu falar de Lizzie Borden ?” Perguntou a mãe do cientista.
“Não!” Respondeu Jim.
“Ela é sua prima!” Disse a mãe do cientista.

Lizzie Andrew Borden
Lizzie Borden é a pivô de um dos mais famosos casos de assassinatos ocorridos nos Estados Unidos. Ela foi acusada de assassinar o pai e a madrasta em 1892 a golpes de machado. Lizzie Borden foi julgada e absolvida do duplo assassinato. O caso nunca foi solucionado e tornou-se um dos crimes mais misteriosos da história americana.
O neurocientista Jim Fallon não sabia mas ele era descendente direto de Lizzie Borden. Ao aprofundar mais no assunto com sua mãe, Jim Fallon descobriu que sua família era repleta de assassinos, ele descobriu 16 assassinos dos quais ele descendia direto, da família do seu pai. E foi ai que ele decidiu escanear o cérebro de toda sua família.

Na Foto: O neurocientista Jim Fallon (primeiro da direita para a esquerda) e sua família.
“Haviam muitas, muitas páginas e tudo parecia normal. Fantástico. E então eu fui para o último. Esse parecia muito anormal. Essa tomografia em particular não tinha atividade no córtex orbital nem no lobo temporal. Todo o sistema límbico não estava funcionando. Então eu disse: Meu Deus, esse é um desses assassinos. Tem o mesmo padrão que um assassino. Quando olhei para o código tive um choque: Era a minha tomografia!”

O neurocientista Jim Fallon, da Universidade da Califórnia, passou anos investigando o cérebro de psicopatas assassinos. Descobriu que eles têm inativa uma região ligada ao comportamento ético e à tomada de decisão. Viu também que possuem genes ligados à violência. Seria uma pesquisa comum, não tivesse Fallon decidido escanear o próprio cérebro – e ver nele o mesmo padrão de serial killers.
Essa descoberta de Jim Fallon foi muito importante no estudo de mentes psicopatas, pois abriu espaço para a descoberta do “terceiro ingrediente”. O ingrediente final que faria com que psicopatas se tornassem assassinos.
“Nos anos 90, passei a investigar cérebros de assassinos psicopatas. E vi que todos seguiam o mesmo padrão: um dano no córtex órbito-frontal, região cerebral bem acima dos olhos associada com tomada de decisão e conduta ética. 
Há uns 4 anos, soube de ao menos 16 assassinos na família do meu pai. Um homem foi enforcado em 1673 por matar a mãe, e uma mulher, acusada de matar o pai e a madrasta com um machado em 1892 (Lizzie Borden). Fiz então tomografias do meu cérebro e vi que quase não há atividade no meu córtex órbito-frontal. Na mesma época, fiz testes genéticos em minha família para saber o risco de cada um desenvolver Alzheimer. E descobri que também compartilho com psicopatas o gene guerreiro, que pode deixar o cérebro da pessoa insensível ao efeito calmante da serotonina.
Tenho 2 ingredientes comuns aos psicopatas. O dano no córtex órbito-frontal e o gene guerreiro. Mas não tenho o terceiro: Abuso severo na infância, que é o gatilho necessário para ligar o gene guerreiro. Minha infância foi muito benevolente e cercada de amor. Após dar à luz ao meu irmão mais velho, minha mãe teve 4 abortos naturais. Quando cheguei, me trataram como um garoto de ouro. Se tivesse sido tratado normalmente, talvez fosse hoje meio barra-pesada. E, se fosse abusado, creio que não teríamos esta conversa agora.”
Jim Fallon escapou por pouco, mas estamos carecas de saber que a grande maioria dos psicopatas não matam e nem são criminosos, ao contrário, são executivos, políticos, empresários bem sucedidos que manipulam os que estão em sua volta para se darem bem na vida.
“Alguns psiquiatras me chamam assim. Mas nunca pensei em mim dessa forma. Quando vi toda a análise de meu cérebro e meus genes, pedi a vários colegas que fossem francos comigo e com minha família sobre meu lado escuro. Não acho que sou psicopata. Não tenho um charme superficial. Sou honesto e realmente trato bem os demais, do mesmo jeito que trato minha família.” Diz Jim Fallon

Psicopatas de Terno

Os “psicopatas de terno” também são tema do documentário.
Segundo um estudo conduzido pelo psicólogo de Nova York Paul Babiak, 1 em cada 25 líderes de negócios no mundo pode ser um psicopata. Um número alto voce deve estar pensando, mas não é muito difícil de entender o porque de a maioria de nossos líderes serem psicopatas. Eles disfarçam, manipulam pessoas, e assim, conseguem altos cargos em empresas e governos.
Como visto acima, as pessoas podem nascer com pré-disposição genética para ser um psicopata. O que fará com que ele se torne um criminoso ou não é a sua infância. Uma infância feliz pode ser a resposta para os pequenos psicopatas que adentram ao mercado de trabalho.
“Psicopatas realmente não sao o tipo de pessoa que você pensa que são. Eu encontrei meu primeiro psicopata há pouco mais de 25 anos. E não foi alguém em uma prisão. Foi alguém que estava trabalhando em uma empresa onde eu prestava consultoria. A metade das pessoas achavam que ele era um líder maravilhoso. A outra metade achava que ele era o oposto. Pensavam que ele era a encarnação do mal. Fiquei intrigado e me lembro de ligar para Bob Hare. No final da conversa, nunca me esquecerei, ele disse: Sim, você achou um!” Diz no documentário o psicólogo Paul Babiak.
Paul Babiak diz que os “psicopatas de sucesso” tem uma tendência natural em serem charmosos e carismáticos. Segundo ele, você poderia estar vivendo com um, ou estar casado com um a 20 anos ou mais e mesmo assim não saber que ele é um psicopata.
Paul Babiak diz ainda que psicopatas são horríveis profissionais, mas compensam suas gestões desastrosas encobrindo suas fraquezas através dos seus charmes naturais. Isso torna quase que impossível distinguir um líder genuinamente talentoso de um psicopata.
“Quanto maior é a psicopatia, melhor eles são vistos. Mas se você olhar o seu desempenho profissional real, verá que é horrível. Você deve pensar em psicopatas como pessoas que tem à sua disposição um repertório muito grande de comportamentos. Assim eles podem usar a manipulação, o charme e a intimidação quando necessários. Eles podem dizer o que você está pensando, eles podem olhar para sua linguagem corporal, eles podem ouvir o que está dizendo, mas o que eles realmente não podem fazer é sentir o que você sente.”
O documentário termina com um inédito caso de um advogado norte-americano que, ao defender um psicopata assassino no tribunal, introduziu a teoria de interação gene-ambiente na audiência. Em outras palavras, o psicopata não poderia ser condenado a pena de morte pois, segundo o seu advogado, ele nasceu com o gene guerreiro. Como termina essa história ? Só vendo abaixo.
“Jeffrey Dahmer e Ted Bundy, dois infâmes serial killers. Quando você olha para as fotos vê pessoas normais. Pois esse era o ponto forte deles. Eles pareciam pessoas normais quando estavam no meio da sociedade”




sábado, 15 de setembro de 2012

CSI Natal - Surto Psicótico



Surto Psicótico é um episódio de dissociação da estrutura psíquica do indivíduo, fazendo com que este mostre comportamentos socialmente estranhos e diferentes, devido à momentânea incapacidade de pensar racionalmente.

Ocorrência

Os surtos são comuns na esquizofrenia e podem ocorrer da fase maníaca aguda do transtorno bipolar. Também podem ocorrer devido a substâncias psicoativas, como álcoolanfetamina,cocaína, etc.

Características

Durante o surto podem ocorrer manifestações de paranóia,alunições e delírios.
O surto geralmente dura algumas semanas e pode ser encurtado de acordo com a medicação administrada. A medicação também pode impedir um surto ou torná-lo menos grave se ocorrer. Normalmente o surto é precedido por comportamentos estranhos do indivíduo, que só podem ser detectados poucos dias antes que este entre em crise. Sendo assim, é muito importante acompanhar pacientes nesta situação a fim de medicá-los antes do início do surto.
Segundo o DSM IV, um dos sintomas para se diagnosticaresquizofrenia é a duração do surto de, no mínimo, seis meses.
Não pode ser transmitida para outras pessoas, é uma desorganização mental grave e não tem poder para induzir outras mentes a fazer o mesmo.
Fonte: Wikipédia

domingo, 26 de agosto de 2012

Material sobre Serial killer na Folha Universal [O Serial Killer blog]


Há alguns dias dei uma entrevista para uma repórter da Folha Universal, jornal da Igreja Universal, sobre serial killers.
A matéria “A mente de um psicopata” foi publicada na edição 1036 do jornal.
serial killers - Folha Universal
A reportagem pode ser visualizada aqui , a partir da página 24, ou lida aqui (recomendado).


quinta-feira, 23 de agosto de 2012

GILLES DE RAIS

Material do blog O Serial Killer

Gilles de Rais não foi o primeiro serial killer. Mas é o primeiro serial killer famoso.
Sua fama é facilmente explicável. Na França do século XV, ele era simplesmente o homem mais rico do país – talvez, da Europa. Sua história, portanto, se alastrou rapidamente – mas há um prejuízo nisto: muito do que se diz sobre Gilles de Rais pode ser lenda.
Gilles de Rais
Gilles de Montmorency-Laval nasceu em 1404, em uma família de nobres. Ficaria conhecido como Gilles de Rais (ou de Retz) porque se tornaria o barão desta localidade. Gilles de Rais também tinha o apelido de Barba Azul tinha os pêlos faciais bastante escuros.

Atualmente, Barba Azul é o apelido dado a um homem que assassine, em série, suas namoradas ou esposas (frequentemente em busca de ganhos materiais). Um Barba Azul é a versão masculina da Viúva Negra, portanto. Mas Gilles de Rais matava crianças. Por que, então, seu apelido atualmente nomeia os assassinos de esposas? Porque, tempos após a morte de Gilles, foi escrita uma história fictícia, possivelmente baseada em lendas populares, nomeada exatamente Barba Azul, em que o personagem principal tinha este apelido. A quarta esposa de Barba Azul era proibida de entrar em uma sala. Quando conseguiu entrar, lá encontrou o corpo das três anteriores. Trata-se de um conto, do final do século XVII, do conhecido Charles Perrault – assustador, certamente, para um livro que foi escrito para o público infantil, mas que tem um final feliz após esta cena macabra…
Mas voltemos a Gilles de Rais…
Seus pais morreram quando ainda era muito jovem, e Gilles foi criado com o avô materno. Gilles lia muito e um dos seus ídolos era Calígula, impiedoso imperador romano – que, segundo dizem algumas fontes, matava por diversão.
Aos 14 anos, o avô de Gilles o proclamou cavalheiro. No ano seguinte, Gilles fez sua primeira vítima. Convidou um garoto para brincar de duelo – e o matou, com sua espada. Gilles era nobre e o garoto era pobre. Nada aconteceu a Gilles de Rais.
Aos 16 anos, Gilles casou-se com uma herdeira rica e da junção dos patrimônios viria a sua fortuna. O casal teria uma filha.
Gilles entrou para a carreira militar (por isto, às vezes é chamado também de O Marechal das Trevas). Na sua primeira batalha, Gilles não tinha completado nem 18 anos. Gilles lutaria, ainda, ao lado de Joana D’arc, contra invasores ingleses, na Guerra dos Cem Anos.
Fora os que mataria como serial killer, nestas batalhas provavelmente Gilles de Rais matou mais algumas pessoas…

Gilles de Rais era tão importante que, ainda novo, quando Carlos VII foi ser coroado rei, Gilles foi um dos poucos a ter uma lugar de honra na cerimônia.
Mas logo Gilles de Rais se afastou da vida pública, ficando mais recluso em suas imensas fazendas, já separado de sua mulher.
Gilles começou a gastar sua fortuna, sem pudor, com toda sorte de extravagâncias, como a caríssima produção de uma peça teatral. Outro gastos do devoto Gilles foi com a construção de uma catedral! Gilles chegaria a ser impedido, por sua família, de continuar a vender seus bens.
Mas Gilles de Rais, em seus castelos, também começou a se dedicar a atividades mais sombrias. Gilles começou a matar. Suas vítimas eram crianças dos dois sexos, que, antes de serem mortas, eram molestadas e bastante agredidas. Às vezes eram dependuradas em ganchos, sodomizadas, retiradas, reconfortadas por Gilles, e então eram dependuradas novamente etc.
Algumas crianças, após mortas, tinhas as vísceras retiradas – e, sobre estas, Gilles se masturbava.
Uma das primeiras vítimas seria um belo garoto chamado Etienne Corrillaut, também conhecido como Poitou. Mas, antes de ser morto, um criado de Gilles sugeriu que ele fosse poupado e transformado em pajem, isto é, um auxiliar para serviços gerais. Poitou acabaria por se juntar a Gilles em suas práticas homicidas, mais tarde.
O sadismo de Gilles de Rais, em algum momento, misturou-se com o desejo de recuperar sua riqueza, e então ele enveredou na magia negra. No final da década de 1430, Gilles de Rais e um padre italiano começaram a praticar rituais em que o sangue de crianças era misturado a ferro e chumbo, na esperança de que daí nascesse ouro.
Em 1440, após um conflito com um padre, a Igreja começou a fazer várias acusações contra Gilles.
Gilles de Rais e alguns supostos cúmplices foram torturados – e “confessaram” inúmeros crimes.
Mas quantas crianças Gilles de Rais realmente matou, afinal? Umas 200 crianças, dizem as fontes mais otimistas. Outros acreditam que este número pode chegar a 800! Fato concreto é que, em uma torre, em uma de suas propriedades, foram encontrados restos desmembrados de 40 a 50 crianças.
Muitas crianças possivelmente tinham os restos queimados, por isto nunca foram encontradas.
Suas terras foram confiscadas pela Igreja.
Gilles de Rais e mais dois homens, incluindo Poitou, foram então condenados e enforcados, ainda em 1440 – Gilles tinha apenas 36 anos.
Após morto, seu corpo foi queimado.
*
Continuação: análise do caso Gilles de Rais.

KARLA HOMOLKA E PAUL BERNARDO

A história de Karla Homolka e Paul Bernardo

Paul Bernardo, estuprador

De 1987 a 1990, vários casos de estupro foram registrados em um bairro residencial de Toronto, Canadá. As vítimas eram garotas entre 15 e 21 anos, geralmente atacadas após descerem do ônibus, à noite. O agressor, portando uma faca, as obrigava à prática de sexo anal e a chuparem o seu pênis. Além disso, com o rosto no chão, tinham que falar que o amavam e que eram “putas”, “vadias”.
Na verdade, houve uma escalada de violência: nas primeiras investidas, nem mesmo penetração peniana houve. Nos últimos ataques é que o agressor se tornara mais violento.
O uso de força física excessiva demonstrava, para os investigadores, que ele sentia ódio das mulheres. Postularam também que teria uma estrutura de personalidade paranóica, culpando o mundo (especialmente o sexo feminino) por seus fracassos.
Enquanto tais perfis eram feitos, Jennifer Galliganm foi à polícia denunciar seu ex-namorado, Paul Bernardo, por ameaças, violência, estupro. O caso não foi aprofundado.
Paul Bernardo nasceu em 1964. Sua mãe, ainda casada, teve um caso com um ex-namorado. Paul era filho desta relação extra-conjugal, mas foi registrado como filho legítimo. O pequeno Paul Bernardo não sabia disto.
Seu “pai” (o marido de sua mãe) era violento. O “pai” de Paul chegou a abusar de uma filha, adolescente. A mãe, bastante deprimida com a situação em que vivia, engordou bastante e passou a ficar a maior parte do tempo isolada do mundo, no porão de sua casa.
Paul, entretanto, era um adolescente bem sociável, participava de atividades de escoteiro, era estudioso, até que, aos 16 anos, após uma briga com a mãe, esta lhe contou sobre o seu verdadeiro pai.
Paul Bernardo desenvolveu, então, uma relação de agressividade verbal e física com suas futuras namoradas.
Entretanto, manteve uma vida social regular, com bom desempenho escolar e trabalhando como contador.
Karla Homolka e Paul Bernardo
Karla Homolka e Paul Bernardo

Paul Bernardo conhece Karla Homolka

Em 1987, Paul Bernardo conheceu Karla Homolka. Ele tinha 23 anos; ela, 17. Ele a cobria de presentes e ela logo estava muito apaixonada por ele.
Karla nasceu em 1970 e teve duas irmãs. Até então, levava uma vida normal de adolescente. Entretanto, seus conhecidos notaram que, antes de Paul, Karla Homolka era uma garota “com personalidade”, mas, depois, seu mundo começou a girar em torno de Paul Bernardo, mesmo com ele morando em outra cidade.
Apenas em 1990 o retrato falado do estuprador foi publicado (e foi oferecida uma grande recompensa), e algumas pessoas foram à polícia dizer que ele se parecia com alguém que conheciam: Paul Bernardo. Entretanto, outras pessoas também foram indicadas como parecidas ao retrato: haviam nada menos que 230 suspeitos!
Porém, destas duas centenas de pessoas, apenas 5 tinham o tipo sanguíneo que combinava com o material encontrado nas vítimas. Uma destas pessoas era Paul Bernardo.
O estuprador parou de agir e o caso foi deixado de lado.
Paul Bernardo, que já era noivo de Karla Homolka, havia ido morar na casa desta, mudando-se de cidade.
Karla Homolka amordaçada
Karla Homolka amordaçada
Karla idolatrava Paul e participava de suas brincadeiras sexuais sádicas, e até incentivava-as, porque queira agradá-lo.

Perversões sexuais de Paul Bernardo

Karla idolatrava Paul, que era obcecado na irmã mais nova de Karla, Tammy. Paul insistiu com Karla que queria a virgindade de Tammy, como compensação por Karla não ser virgem quando a conheceu.
Karla trabalhava em uma clínica veterinária, e lá furtou um anestésico. No dia 23 de dezembro de 1990, no jantar de Natal da família, o casal colocou os sedativos na bebida de Tammy. Quando os pais de Karla foram dormir, o casal atacou Tammy, que já estava desmaiada – mesmo assim, Karla jogou mais anestésico em um pano e com este tapou o nariz da irmã. A ação foi filmada. Paul não apenas quis tirar a virgindade de Tammy como fez sexo anal com a garota, que tinha apenas 15 anos. Além disto, fez Karla acariciar a irmã.

Matam a irmã de Karla, acidentalmente

Mas algo saiu errado. Tammy começou a vomitar e logo teve uma parada cardíaca. O casal chamou uma ambulância. Tarde demais, Tammy estava morta.
Para todos pareceu uma morte acidental.
Porém, Paul Bernardo estava revoltado: havia perdido sua virgem. Karla deveria repor o prejuízo. Foi o que ela tentou fazer: filmaram-se transando no quarto de Tammy, entre suas bonecas, Karla fingindo que era Tammy.
Não foi o suficiente para acalmar Paul Bernardo. Karla Homolka teve uma idéia: convidou uma amiga à casa que o casal havia recentemente alugado, e lá a embebedou e drogou. Então chamou Paul e lhe mostrou a surpresa. Paul fez com a garota o mesmo que fez com Tammy: filmou, transou, fez sexo anal, fez Karla ter relações com ela.
A garota acordou no dia seguinte passando mal e sem entender as dores que sentia…

Um casal de assassinos

14 de junho de 1991. Leslie Mahaffy, de 14 anos, foi a uma festa e não voltou. Seus pais acharam que tinha fugido de casa, como já tinha feito antes. Seu corpo foi encontrado 15 dias depois – ou melhor: uma parte de seu corpo, saindo de um bloco de cimento em uma represa que estava sendo esvaziada. Os outros pedaços logo foram encontrados, em outros blocos. O corpo havia sido desmembrado com uma serra.
No mesmo dia em que o corpo foi achado, Karla e Paul se casavam, em uma cerimônia muito pomposa. Nos seus votos, Karla jurou “amor e obediência” a Paul Bernardo.
Paul agora já não tinha um trabalho comum, havia virado contrabandista de cigarros, dos Estados Unidos para o Canadá.
E não queria parar com suas “brincadeiras” sexuais…
Leslie foi abordada por Paul enquanto ela voltava para casa. Com uma faca, ele a obrigou a entrar em seu carro. Levou-a para sua casa. Karla dormia, e quando acordou teve que participar dos jogos sádicos de Paul. Porém, desta vez não foi usado nenhum sedativo, e a menina gritava de dor enquanto Paul penetrava seu ânus e Karla filmava tudo. Karla também participou ativamente, como quando enfiou uma garrafa de vinho na vagina de Leslie.
Leslie foi morta enforcada com fios e teve seu corpo dividido com uma serra. Karla contaria, depois, que apanhou de Paul após jogarem os blocos no lago, por não ter usado luvas, o que poderia deixar digitais no cimento.
Em julho, uma moça denunciou que um homem a perseguia, motorizado. Anotou a placa: era de Paul Bernardo. Fato similar ocorreria em abril de 1992. Mas a polícia estava ocupada com o caso de Leslie.
30 de novembro de 1991. Terri Anderson, de 14 anos, desapareceu…
16 de abril de 1992. Kristen French, raptada no estacionamento de uma igreja. Corpo encontrado nu, o cabelo raspado, 14 dias depois. Sem o seu relógio do Mickey Mouse…
Karla Homolka participou deste rapto. Com um mapa, pediu ajuda à garota, que se aproximou do carro. Paul Bernardo a empurrou para dentro do automóvel.
Enquanto presa na casa dos dois, Kristen tentou entrar no jogo de Paul, pensando que assim conseguiria escapar. Pelo contrário, isto pareceu tornar Paul ainda mais agressivo. Paul chegou a urinar na garota e tentou defecar sobre ela. Ainda socava a garota, que foi obrigada a dizer várias vezes que o amava.
A sessão de violência durou horas e horas. Quase tudo foi filmado, menos a hora em que a garota foi assassinada, também por estrangulamento com fios.
vítimas de Paul Bernardo e Karla Homolka
vítimas de Paul Bernardo e Karla Homolka
Apenas em maio deste ano foi encontrado o corpo de Terri, em um lago. Hipótese para a causa mortis, feita pela polícia: afogamento, após embriaguez e uso de drogas – apesar de a menina não ter histórico de uso de drogas.
A investigação destes crimes, de alguma maneira, finalmente chega a Paul Bernardo. Policiais vão à sua casa. Ele trata bem os investigadores, que notam que o seu carro não é o mesmo descrito por uma das testemunhas do rapto de Kristen.

Karla contra Paul

Karla Homolka agredida por Paul Bernardo
Karla Homolka agredida por Paul Bernardo
No início de 1993, após ser bastante espancada por Paul (foi até hospitalizada), Karla pede ajuda a uma amiga. O marido da amiga é policial, e resolve dar seguimento a uma investigação paralela. A Polícia interroga Karla, que percebe que eles estão começando a ligar os fatos. E eles percebem que ela tem um relógio do Mickey…
Paul Bernardo é preso, acusado dos estupros e de dois homicídios. Uma busca em sua casa encontra relatos detalhados de cada estupro, além de muito material (livros e filmes) relacionado a sexo e violência – inclusive o livro “Psicopata americano”, de Bret Easton Ellis, que deu origem ao filme com mesmo nome (o personagem tem ações bem parecidas com as de Paul). Também encontraram um vídeo onde Karla faz sexo com duas mulheres. E uma fita de rap gravada por Paul, chamada “Inocência mortal”, cantando sobre crimes sexuais.
Sabendo que o casal filmou os crimes, a polícia praticamente destruiu sua casa deles busca das fitas, mas não as encontrou.
O advogado de Karla conseguiu um acordo, em troca de sua colaboração: doze anos de prisão, no máximo, pela cumplicidade nos homicídios, estando apta para a condicional em três anos. Cumpriria a pena em um hospital psiquiátrico.

Julgamento de Paul Bernardo

A cela de Karla Homolka tinha pôsteres do Mickey e ela começou um curso, por correspondência, de Psicologia. O julgamento de Karla Homolka seria amplamente coberto pela mídia.
Em 1994, o casal de serial killers se divorciou.
O julgamento de Paul foi em 1995, dois anos após sua prisão. Isto porque seu advogado havia pegado os vídeos, após a revista policial: estavam escondidas sob o teto da casa. Porém, as conversas de Paul e seu advogado estavam sendo gravadas e as fitas foram solicitadas. O advogado abandonou o caso e foi substituído. Assim, o processo se prolongou com estas reviravoltas.
As fitas foram exibidas apenas para os jurados, o público podia apenas ouvir os gritos das vítimas, os gemidos, as ordens de Paul Bernardo.
Karla foi convocada como testemunha de acusação. Disse que Paul a obrigava a usar coleira, que enfiava objetos em sua vagina, que a enforcava durante o sexo.
Já Paul tentou mostrar que Karla não era nenhuma vítima, pelo contrário: havia sido ela a responsável pela morte das garotas, e que ele nem estava em casa quando elas faleceram – em sua “opinião”, Leslie morreu por overdose e Kristen por enforcamento acidental.
Karla, segundo Paul, era fria (após a morte de Kristen, correra para secar o cabelo, pois iriam jantar na casa de seus pais) e sádica também. De certa forma, os vídeos comprometiam Karla, pois em muitas cenas ela não parece sofrer com a situação. Ela disse que era obrigada a sorrir, caso contrário, apanharia. Em uma cena aparece dizendo que adorou ver a irmã ser estuprada.
A Justiça canadense se viu então em apuros, por causa do acordo que havia feito com Karla. Agora haviam sérias dúvidas sobre o quanto ela realmente apenas uma “vítima da paixão”.
De fato, durante o cativeiro das garotas, Karla teve oportunidades de fugir – ela chegou a ir trabalhar enquanto as garotas estavam presas em sua casa. E só denunciou os crimes quando viu que a situação poderia apertar para seu lado.
A promotoria, para acusar Paul Bernardo, disse que Karla era vítima da “Síndrome da Mulher Espancada”: mulheres sob violência psíquica e física constante desenvolvem muito medo de serem mortas por seus companheiros e, assim, tornam-se totalmente submissas a eles.
Paul se manteve calmo durante todo o julgamento e confessou também muitos dos estupros. Foi condenado. No mínimo 25 anos preso, antes de poder tentar a condicional.
O primeiro advogado de Paul, Ken Murray, que escondeu as fitas, foi levado a julgamento, por obstrução da justiça, mas foi inocentado. Segundo ele, a idéia era usá-las contra Karla, deixando primeiramente que ela se fizesse de vítima e depois a desmascarando.
Após o julgamento de Paul, os vídeos foram destruídos, por ordem judicial.
A casa que era do casal teve que ser demolida, pois ninguém queria alugá-la, e outra foi levantada no local.
As mães de Leslie e Kristen atualmente colaboram com programas de ajuda a vítimas de crimes.
Karla Homolka na prisão
Karla Homolka na prisão

Onde está Karla Homolka?

Karla Homolka conseguiu mudar de nome, passando a se chamar Karla Teale. As análises psicológicas e psiquiátricas concluíram que ela realmente era fria, anti-social. Ela, entretanto, mantinha a posição de vítima.
Em 2002, foi lançado o livro “Le pacte avec Le Diable”, de Stephen Williams, contendo correspondências trocadas entre o autor e Karla Homolka durante mais de um ano.
Karla Teale saiu da prisão em 2005. Paul passa 23 horas do dia em uma pequena cela, isolado.
*
Saiba mais:


Material do blog O Serial Killer